Se planta
Brota e rompe o primeiro céu
Este que protege a raiz
Que sustenta o peso do mundo
Que nutre drena e esconde tesouros
Quando encontra a luz ao ar
Trans-bor-da-se
E cresce em direção ao outro céu
Este mesmo que nos protege
Os céus que nos habitam
Dos pés ao limite onde haja vista
Inspiram enquanto ainda bailamos
E guardam-nos quando, enfim, findos
Nevando onde nunca nevou?
A escassez da chuva,
O racionamento de água.
Os corais desvanecendo-se,
A fotossíntese esvaindo-se,
Os mares clamando por socorro,
Lutando contra a poluição.
A humanidade sob o pó, sob a poeira,
E sob a misericórdia de Deus.
O verdejante da floresta Amazônica,
Sofrendo desmatamentos, perdas e ameaças.
Onde vamos parar?
A natureza roga por justiça.
Assim, como a espécie humana leva consigo a sua
- ameaça de extinção.
produzir produzir produzir
produzir produzir produzir
produzir produzir produzir
para nossas necessidades?
para nossa existência?
para nossa subsistência?
NÃO
somente para obter lucro
semente para obter lucro
mente para obter lucro
obter lucro
obter lucro
obter lucro
commodities commodities
commodities commodities
commodities commodities
"o agro é POP" eles falaram
mas esqueceram que
"o POP não poupa ninguém"
ninguém ninguém ninguém
ninguém ninguém ninguém
ninguém ninguém ninguém
Em cada casa;
As torneiras vão secar;
Tenebrosa certeza;
Que obriga a esperança a obliterar...
São os desígnios;
Forjados na irresponsabilidade;
Dos humanos;
Característica de espécie sem latitude...
Mais, mais e mais consumo;
De toda e qualquer parafernália;
Um resumo elucidativo;
Da anunciada tragédia...
Almejar um crescimento infinito;
Num planeta finito;
Desejo ridículo;
Impossível e frívolo...
Que contrasta com a vontade;
Em sermos vítimas de incêndios;
Dignos de um livro de dante;
Paradoxal realidade na mente dos néscios...
A natureza tem o algoritmo da soberania;
O nosso tempo tem o seu tempo;
Se o entendermos como profecia;
Poderemos acertar um momento...
quem desmata
mata não só a mata
mata e ninguém fala
mata e o estado cala
matam a mata
matam à bala
a boca brasileira cala
a cara brasis nata
a boca branca bebe e
mama na teta da mata
a boca branca mata
e mama na teta da mata
mata e mama
na mama da mata
mama e mata
— é mamata.
quando o planeta secar
cai a última gota
lágrima jurássica
quando o planeta inundar
vão por água abaixo combustível fóssil
no lençol freático
quando o planeta seivar
orvalha o líquido amniótico
ondas de calor
Arvoro em ti, Poesia
Uns versos tênues, quentinhos
Em nosso fim de um Inverno
Tu matas fome de gente
Os sem guarida, sem nada...
Ah! Tu és nossa Rainha!
Tens galhos que nos abraçam,
Tens folhas por alimento
E tua sombra protege
Dos muitos raios hostis...
Arvoro em ti, Poesia
Ah! Tu és nossa Rainha
Uns versos tênues, quentinhos
Tens galhos que nos abraçam
Em nosso fim de um Inverno
Tens folhas por alimento
Tu matas fome de gente
E tua sombra protege
Os sem guarida, sem nada
Dos muitos raios hostis...
Nos famélicos, cosidos, folharecos
Torrenciais narrativas perenes, clamando,
Na Amazônia ecoamamamam
Secas e sentidas, contando
Tangentes estuprostuprostuprosprospros
Perfurantes
Excruciantes
Que historicamente rasgam,
Trucidam,
Atrozes assassinos,
Esta terra dita “virgem”
Enquanto, entre becos e botecos,
Autoproclamados “civilizados”
Bebem sagrado sangue da floresta
Nos canecos da economia
Defecando todo dia a ecologia
Na nossa ecosfera
Cadê a justiça e o respeito à Terra?