Ela silenciou mais uma vez
Já foram tantas!
Preciso de ajuda para escutá-la de novo
De quantas partidas
um coração é feito?
Certo é, que não há coração inteiro!
Sem ela…não danço os dias
Sem ela, me finalizo
em desencantos
Não vejo as estrelas,
não sinto o sol
não me abraça o mar
Não me inspiro no sorriso
não há beleza na flor
desacredito do caminho
Somos instrumentos,
então te peço,
vamos compor juntos!
*
Quem me dera
Tirar toda a dor
Que te passa
Que nos teus olhos
Está escrita
Com lágrimas
Me dê a mão
E atravesso contigo
Me dê a mão
Viver ainda é
O melhor sentido
*
Tenho pousado em meu dedo
um canário da terra;
amarelado, canta num trinado
de girassol.
Levemente, bica-me
arrancando as peles mortas,
até que me reste os ecos
de sua luz;
já se vão os bemóis:
a vida vale a pena.
*
Sou intensamente breve,
Como um sonho.
Feita de retalhos de instantes.
E, nessa minha brevidade,
De segundos contados,
Devo ser tratada sabiamente.
Nas tormentas,
Os pesos devem ser arremessados
Ao mar do esquecimento.
Nas bonanças,
As lembranças devem ser recolhidas
Ternamente, no abrigo da memória.
Em mim, tudo é essencial
Chuva e aridez.
Resisto ao tempo e às intempéries.
Não tenho caminhos fixos,
Sou caleidoscópica.
Por isso, não se engane,
Não existe um único propósito para mim.
Sou um enigma a ser descoberto.
*
Redescubro o poder que há em mim
E nele reorganizo toda a minha dor
Reverbero instantes dissipando o fim
Reverencio todo o ser que sou puro amor
Acaricio velhos traumas dissabores
Sufocados goela abaixo pelo tempo
Sentencio tristes almas em rancores
Acalorados, reinventados em mil sentimentos
Ciclos que se repetem alucinados
Se fazem necessários seubir e vir
Cubro-me em rumores dopados
No abraçar de pensamentos caí.
*
Vem Setembro nos dizer,
Nossa vida é o bem mais belo!
Toda angústia um dia passa
Não se entregue a tal flagelo
Com afeto e com amor
Reconstrua o seu castelo!
Amarelo é alegria
Traz a cor do girassol
Traz à luz doce esperança
Brilha forte como o Sol
Eis poesia, dom da vida
Bem nos lembra o rouxinol.
Um sorriso, um carinho
Acalenta o coração
De quem vê cinza o seu dia
Sem sentido e sem razão
Abracemos o que chora
Pois é ele nosso irmão.
*
Para dias escuros: luz
Para silêncio: som
Para amigos e também desconhecidos esmurecidos, perdidos,
calados, cansados:
abraços, sorrisos,
ombros, ouvidos,
coração afetuoso e carinho
em todos os 365 e não apenas quando setembro chegar!
*
Do esplêndido Ser
À margem orbito
Em vãos de não ser
a ver me limito
Não herdo saber
Apenas o mundo
E o dom de viver
Num sonho profundo
Futuros de antes
Que não alcancei
Me pesam distantes
Durante não sei
Contudo as palavras
São minhas asas
Tudo escalavra
Mas descalavra
Cantadas favas
Voar da larva
Lavra
Ladra
Fada
Foda
Todos os vazios se preenchem com o novo amor.
*
Nunca se quebra
O elo que se espera,
Aquele amarelo,
Que chega em setembro.
Dos olhos que se abrem
Dores que partem,
E se põe pra fora
O segredo de outrora.
Quando se escuta
O que a boca muta,
E até a menos astuta
Entende da luta.
É quando chega o resgate
Que finda o embate,
De se afogar sozinha na vida.
Que nunca se quebre esse elo,
Que além de amarelo setembro
Seja vida que brilha e eterno,
E não se precise morrer em mistério.
Que não se perca esse elo,
Setembro que é lindo
E viver que é belo.
*
Esta noite não vou chorar;
Vou esperar amanhecer!
Quero ser feliz sem me preocupar...
Se eu não tentar ser feliz,
Quem, por mim, será?
Eu não quero te dizer
Falar de dor ou solidão
Eu só quero esquecer
Retirar más lembranças do meu coração,
Feridas passadas não vou cutucar.
Eu sei que vai doer;
Na vida alguma coisa sempre dói...
Mas se a vida é feita pra viver
Se não vivermos,
Quem irá viver por nós?
A vida passa tão depressa,
Mas não tenha tanta pressa
Vá com calma, deixa a vida fluir!
Viver é tudo que nos resta
Nada de engolir o choro!
Nada de não querer sorrir.
*
Ela foi atenciosamente escutada
Era o que mais precisava
E foi sem julgamentos
Ela expressou seus sentimentos
Confessou angústias e fraquezas
Mostrou o vazio e incertezas
Falou das crises e anulações
Expos seus medos e limitações
Ela foi cordialmente acolhida,
Assim, amenizou suas feridas
Suas qualidades foram valorizadas
Ela reconheceu-se abençoada
Ela enxergou-se com outras lentes
E não se via mais tão impotente!
Recomeço! Desistiu de desistir...
Agora quer VIVER... não partir.
*
O quão profundo,
doía a sua dor,
a ponto de cortar
a própria carne,
pra arrancar de
dentro de sí
o que lhe dilacerava?
Em silêncio, gritei,
sentindo a sua dor.
Em oração, roguei:
"-Moça, não doa!"
*
em todo dia é tudo ok
Nem toda hora é tudo passa
Nem toda noite é sono e sonho.
Há dias em que o mundo
Parece a beira de um abismo.
Há horas em que um minuto pesa
Interminável como uma noite insone.
E de manhã, nada,
Nem um café, parece resolver.
Mas aí, um “Ei sumida, como vai você?”
*
Quando juntos, sós.
Quando luas, sóis.
*
A dor que não passa
é devaneio que assola,
de janeiro a dezembro,
uma fadiga que se apossou
da fria sombra que me assola.
Há dias, sinto frio e com eles
arrepios,
num turbilhão de calafrios
que ressuscita a sensação
de mergulhar num profundo rio.
Frio e escuro, do mal que se apossou das lindas expressões de minh' alma.
Rio de tudo ! Com todos os risos que há:
almejo,
um...
lampejo,
com a esperança de me salvar.
Tendo a convicção de navegar,
nos calorosos abraços que há!
*
Mosaico colorido
Cada peça,
Imprescindível
Todas encaixadas
Mãos unidas
Formam o quadro perfeito
Arte linda
Não ao suicídio
Viva a vida!
*